11 de ago. de 2014

Pontos de cultura. Uma realidade que se apaga.

Devido à burocracia vários Pontos de Cultura no estado da Bahia e em outros estados fecharam as portas deixando a nossa delicada politica cultural ainda mais fragilizada.

Desde quando foi criado o projeto de um sistema nacional de pontos de cultura com o objetivo de descentralizar as politicas culturais no Brasil, fazendo assim portanto, uma aproximação do que o governo entende ser um auxilio as entidades que já fazem um trabalho de fomento as atividades culturais nas localidades muitas vezes esquecidas pelas administrações municipais e ou estaduais, já se desconfiava que o projeto poderia morrer na praia, e ao que parece o vaticínio se concretiza.

De 2004 até 2013, o Ministério da Cultura, estados e municípios parceiros destinaram recursos para o fomento de 3663 Pontos de Cultura, que somavam investimentos na ordem de meio bilhão de reais. E em a cerca de dois anos atrás houve uma retomada de crescimento na execução financeira, configurando o melhor ano de desempenho do Programa: em torno de 50%. Em 2013, projetou-se alcançar cerca de 70% na execução financeira.

Sabendo destas informações a pergunta que fica para quem trabalha e conhece a realidade do dia a dia dos pontos de cultura é: onde está essa performance financeira?

Bem as causas são as mais diversas possíveis e isso fica claro ao vermos os editais que ao invés de facilitar a vida das entidades que são pretendentes a ser ponto de cultura, criam obstáculos quase insolúveis.

Em um artigo do produtor cultural Sumario Santana, um dos Coordenadores do Espaço Cultural Viola da Bolso, que vive e sabe bem o que vem passando falando sobre como é feita apolítica cultural no estado da Bahia diz: “(...) essa condução demonstra uma enorme fragilidade de respaldo social, de controle institucional e desconfiança dos segmentos culturais, ao tempo em que, a Secult Bahia se apresenta dirigindo a política cultural, dando o tom das ações em todo o estado. Neste tempo a Secult Bahia parece estar presa à burocracia, dependente do aval de outros setores do governo e se mantém ativa – risco que corre – através da política de lançamento de editais e da institucionalização da cultura, por não encontrar uma fórmula que lhe dê respaldo junto aos movimentos culturais baianos.”

O resultado disso é que vários Pontos de Cultura no estado da Bahia e em outros estados também, fecharam as portas ou estão vivendo sem o aporte financeiro dos editais do governo dos estados; mesmo sabendo que o dinheiro está lá para ser usado para a criação e ou sustentação dos Pontos de cultura, para os produtores culturais a sensação que fica é que a politica cultural é feita para complicar, visando deixar nas mãos dos que podem, e os que podem são poucos.

“As exigências desafiam a realidade dos grupos culturais e o engessamento é parte dos setores mais burocráticos do governo” – Sumário Santana . Grupo Viola de Bolso

Para a população que acha que ser ponto de cultura é viver na facilidade, convido os senhores a conhecer melhor tal realidade, aos que pensam que o dinheiro vem de forma fácil, convido os senhores a participarem de uma reunião que seja em alguns dos antigos pontos de cultura que hoje se intitulam corajosamente de espaço cultural.

E bom também que saibam que mesmo assim, sem terem apoio real das prefeituras, que insistem em fazer uma politica cultural burra esses espaços são apenas lembrados quando POLÍTICOS querem ganhar votos, agora pergunte a algum pai que leva seus filhos para receberem algum curso de iniciação artística ou de capoeira o valor que tem um espaço cultural na sua comunidade.

“Estamos exterminando o futuro do Brasil, fechamos os olhos para o fato, mas a realidade é que existe um extermínio de nossa juventude; não recebem educação nem cultura nem esporte, o que recebem é o cachimbo de craque, um revolver nas mãos e no futuro uma bala na cabeça. Mata-se em um mês aqui no Brasil mais do qualquer guerra que exista ou existiu.” Wuilsom Bitencourt – Grupo Capoeira Raça 

Parece repetitivo, mas é bom lembrar, politica cultural ser tratada como algo secundário, resulta na violência e traficantes ganhando a cada dia, mais jovens para as fileiras do crime e para as valas do cemitério.


Por Fabio Del Porto.

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