Há 25 anos nos deixava Raul Seixas, um artista a frente de seu tempo, um maluco beleza cheio de sabedoria, um homem repleto de enigmas, com dificuldades de se encontrar no mundo; na verdade um roqueiro que veio da Bahia, e é essa mistura que o tornou único.
Por Fábio Del Porto
Desde seus 11 anos já se mostrava conhecedor e amante do puro rock, ao criar com alguns amigos o primeiro clube de rock do brasil. Fã assumido de Elves Presley, nunca deixou de lado a postura de menino mal, com alma de santo.
Raul Seixas é detestado por muitos que dizem que ele copiava o que os americanos faziam, ele afirmava em tom de brincadeira séria, que isso era desapropriação, e unia como poucos a sonoridade gringa com a inteligência nordestina, e foi nessa mistura de baião com rock que o ‘maluco beleza’ foi mestre, só ele conseguiu juntar Jerry Lee Lewis com Luiz Gonzaga, arroz e feijão com hambúrguer com tamanha maestria.
E nestes 25 anos de sua partida para o outro lado, muitas coisas sobre ele foram ditas, feitas, encontradas e que no fim só nos deixa a certeza que ele através de sua obra realmente não morreu, muito pelo contrario continua vivo e polemico.
Recentemente foi lançado o primoroso documentário com direção de Walter Caravalho O Inicio, o fim e o meio, que conta a história de Raul Seixas, tanto por ele como pelos que o acompanharam.
E este ano foi restaurado uma entrevista dada por ele ao jornalista André Barbosa, na extinta rádio Record FM de São Paulo em 1988. O jornalista cedeu o áudio do seu arquivo pessoal à Rádio Nacional de Brasília FM.
Na entrevista Rauzito fala sobre a sua prisão no ano de 1974, quando teve que ir para os USA, e dá detalhes dignos de um filme de terror.
“Eu fui pego na pista do Aterro [do Flamengo, no Rio] quando eu voltava de um show. Um carro do Dops barrou o meu táxi e eu fiquei nu com uma carapuça preta na cabeça. Fui para um lugar, se não me engano, Realengo. Eu sinto que foi por ali, Realengo. Um lugar subterrâneo, que tinha limo. Eu tateava as paredes e tinha limo.
E vinham cinco caras me interrogar. Tinha um bonzinho, um outro bruto que me dava murro, um que dava choque elétrico em lugares particulares e tudo” - Raul Seixas em entrevista concedida ao Jornalista André Barbosa ano de 1988.
Ainda sobre essa entrevista pode-se ver que Raul estava descontente e preocupado com os rumos da musica brasileira. Em um trecho polemico da entrevista ele fala: “O rock & roll no Brasil era baseado nas versões internacionais. Hoje é bem mais ingênuo, mais pobre de harmonia em relação ao tropicalismo. Inútil, nu com a mão no bolso. Há uma falta de cultura musical. A juventude está mal informada mesmo. Deve ser uma grande conquista de quem queria isso”, disse.
Raul disse que uma das salvações do movimento rock & roll foi o “hipismo”: “Todo o movimento do Peace and Love acabou com o movimento de violência. Porém, entrou a droga no meio como porta-estandarte da juventude. Eu vejo em que havia uma preocupação com o Planeta Terra nos 50 e 60. Coisa que não podemos ver hoje em dia. Vivemos no caos. A arte é um espelho dessa sociedade”. Declarou.
Barbosa aponta que a aparência de Raul não estava boa na época: “Ele estava com a pele de cor amarela. Ficamos duas horas conversando depois fomos comer algo. Ele estava tentando não beber e não fumar. Depois soube que não conseguiu”. Raul Seixas morreu no dia 21 de agosto de 1989, vítima de complicações de uma pancreatite aguda aos 41 anos de idade.
E pra você relembrar e matar a saudade de Raul Seixas fãs escolheram as 10 principais canções do nosso rei do Rock Brazuca. A pesquisa foi encomendada pela EBC, são elas.
1) Gita
2) O Trem Das Sete
3) Metamorfose Ambulante
4) Ouro de Tolo
5) Tente Outra Vez
6) Maluco Beleza
7) Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás
8) Tu És o MDC da Minha Vida
9) SOS
10) Por Quem Os Sinos Dobram
Segue uma seleção especial de imagens do Rei do rock & roll Brasileiro.
Click nas imagens para ampliar
Com imagens do filme O Inicio o fim e o Meio, da Cinemateca Brasileira, Fundação Padre Anchieta e a A. F Cinema .
Com Informações da EBC
Por Fabio Del Porto.
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