Entrou em vigor neste domingo (2/9) a Lei 12.485, que obriga os canais
de TV por assinatura a veicular
uma cota mínima de programas com conteúdo nacional. Segundo os
especialistas, a nova legislação é um marco e terá impacto positivo
para a indústria audiovisual nacional.
Aprovada
em agosto de 2011, a legislação foi regulamentada pela Ancine (Agência
Nacional de Cinema). Além das 3,5 horas de programação nacional, há
outras exigências que as TVs terão que cumprir. Entre as quais a que
determina que todos os pacotes deverão ter pelo menos dois canais de
jornalismo de grupos diferentes. Além disso a partir de novembro, a cada
3 canais pelo menos um deverá contar com programação majoritariamente
brasileira.
Para
Marco Altberg, presidente da ABPITV
(Associação Brasileira de Produtoras Independente de Televisão), o
aumento do espaço nos canais pagos, mais do que um incentivo é um sinal
do amadurecimento das produtoras brasileiras. “O primeiro impacto foi
muito positivo. Algumas programadoras já tinham obtido excelentes
resultados com a produção independente brasileira. Com a Lei, esta
relação ficou mais clara e direta”, observa.
Marcos
Dantas, professor titular de comunicação da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), afirma que é indispensável cobrar dos canais
pagos mais programas nacionais. Caso contrário, vão continuar oferecendo
apenas produtos de seus países de origem. Ele ainda observa que, a
legislação européia, a qual serviu como inspiração para a nova lei
brasileira, garante até 50% de conteúdo
nacional.
Em
um plano de metas, divulgado em agosto, a Ancine estima que, até 2020, a
participação de obras brasileiras independentes nas grades da
programação da TV paga pode chegar a 41,3% e que o Brasil passe dos
atuais seis canais de conteúdo nacional para 50.
No
novo formato, as empresas têm até o
dia 12 de setembro para oferecer uma hora e dez minutos semanais, após o
dia 13, esse número sobe para duas horas e vinte e, em três anos, deve
chegar a 3,5 horas. Para Dantas, a quantidade de horas exigida é
modesta, pois corresponde a apenas 2% da programação semanal. Porém ele
reconhece que os impactos positivos da legislação.
“O
principal avanço é considerar que o essencial nesse serviço é o
conteúdo, a programação. É absolutamente necessário, em uma época de
comunicação globalizada, estabelecer regras que assegurem que haja
espaço para a produção nacional”, observa.
Na
mesma linha, João Brant, presidente do coletivo de
comunicação Intervozes, enxerga como positivo que o governo tenha,
“pela primeira vez”, atendido aos nos artigos 221 e 222 da Constituição
Federal, a respeito da necessidade do poder público de incentivar a
produção independente, de caráter nacional.
Concorrência
Um
outro ponto importante da 12. 485 foi a separação dos negócios da
cadeia do setor entre produção, programação, empacotamento e as
relacionadas à distribuição. A empresa empacotadora é a que monta os
diferentes pacotes com os canais; a programadora, que definie a grade de
programação e a produtora, que faz os programas.
O
artigo 6ª da lei define como independente a produtora que não é
controlada pelas programadoras ou empacotadoras e não tem contrato de
exclusividade com algum canal. Para Brant e Dantas a normatização da
Ancine poderia ter avançado mais nos critérios que classifica as
produtoras como independentes, pois a lei deixou brechas que
podem beneficiar grupos que controlam os tipos de pacotes ou os próprios
canais. O diretor do Intervozes dá como exemplo dessa disputa, o pedido
feito pelas Organizações Globo para que uma empresa do grupo, a
Globosat, fosse considerada uma produtora independente. Ocorre que o
grupo também tem uma participação societária importante na empresa de TV
por assinatura, NET.
Projeções
Alterbg
considera que a tendência de crescimento do número dos assinantes de TV
paga cria um ambiente positivo para as produtoras independentes, que se
preparando para atender as demandas futuras em busca de uma “melhor
competitividade, com mais opções de conteúdos criativos e originais”.
“Espera-se
que a TV brasileira exiba cada vez mais conteúdo brasileiro. Tanto
próprio, como já acontece hoje, quanto independente, o que acontece na
maior parte do mercado internacional. É um momento positivo para todas
as esferas que envolvem este
processo e o mercado será favorecido em todos os âmbitos”, aponta o
presidente da ABPITV.
Nenhum comentário:
Postar um comentário